Em meio à dificuldade das autoridades públicas em entender e atender às reais necessidades dos cidadãos através de projetos e políticas, estamos testemunhando processos emergentes de participação e envolvimento da sociedade na construção de espaços coletivos. Neste contexto, o Urbanismo Tático surge como uma abordagem voltada para a recuperação e ativação de espaços através de ações rápidas e de fácil execução que demonstram oportunidades de mudanças em larga escala e de longo prazo nas cidades. O objetivo desse trabalho é colocar em discussão o potencial do Urbanismo Tático em promover interações mais eficientes entre autoridades públicas e sociedade civil em processos de transformação de espaços públicos. Identificamos e analisamos dois princípios do Urbanismo Tático que indicam caminhos alternativos de governança pública na transformação de espaços públicos: as experiências na escala humana (ações que vislumbram a cidade como um laboratório, testam ideias e transformam os espaços urbanos através de ações fase zero e de intervenções temporárias) e as micropolíticas híbridas (que simbolizam iniciativas táticas de pequena escala que promovem a interação entre poder público e a sociedade através do reconhecimento da importância da aprendizagem social). Como caso referencial do trabalho, investigamos o Programa de Praças de Nova York que busca transformar espaços públicos através da reconfiguração de segmentos viários subutilizados em praças. Estudamos os caminhos pelos quais o programa, que teve início como forma de teste e se tornou política pública, incorporou as experiências na escala humana e passou a representar uma micropolítica híbrida. Ao final, conclui-se que Urbanismo Tático extrapola a condição de manifesto e de esforços apenas da sociedade civil que é predominantemente atribuída ao termo e se revela como uma alternativa a processos de governança tradicionais em que a sociedade é esquecida e negligenciada.
PALAVRAS-CHAVE: Urbanismo Tático, intervenções temporárias, micropolíticas, espaços públicos