O presente trabalho discute formas alternativas de se construir infraestruturas na cidade voltadas para o campo do saneamento, através de processos de organização popular e participativa. Essas ações surgem em um contexto no qual o saneamento provido por meios institucionais não dá conta de oferecer, satisfatoriamente, o necessário para garantir o bem-estar da população. Assim, as pessoas se organizam em grupos e realizam ações engajadas, fazendo uso, muitas vezes, de tecnologias sustentáveis, amigáveis ao meio ambiente e ao território. Para conduzir tal debate, a pesquisa analisa ações ativistas que ocorrem na cidade do Rio de Janeiro, servindo-se de dois estudos de caso: a comunidade sustentável do Vale Encantado, no Alto da Boa Vista, e o Projeto ReciclAção, no Morro dos Prazeres. O estudo é feito com base em quatro dimensões de análise: técnica, social, operacional e econômica, e suas respectivas categorias, de modo a entender como esses projetos se organizam e atuam em suas localidades. Tais iniciativas de urbanização ativista são nomeadas na dissertação como experiências de Saneamento Ativista, uma reação à ausência do Estado em determinadas áreas da cidade. Ainda que essas ações não substituam uma adequada atuação do poder público, por atenderem, apenas, a demandas pontuais, elas colaboram para o inventário de soluções de um problema urbano, levando a ganhos técnicos e operacionais, potencializando o desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias sociais por meio da experimentação e de formas alternativas de organização e gestão de projetos. Além disso, possibilita ganhos nas esferas social e política, à medida que fazem com que diferentes atores sociais se insiram no debate urbano, podendo indicar caminhos para que o planejamento urbano aconteça de forma mais democrática, em maior diálogo com a população e em consonância com seus reais desejos e necessidades.
Palavras-chave: Urbanismo ativista, saneamento básico, ações de base, gestão participativa, tecnologia social.
