O urbanismo tático tem sido disseminado como uma abordagem que utiliza ações de curto prazo e de baixo custo para demonstrar possibilidades de transformação de longo prazo nas cidades. É defendido como uma ação em que cidadãos, com suas próprias mãos, iniciam processos de transformação, em um contexto de ineficiência dos governos e de escassez de recursos. Apesar da crescente popularidade, a abordagem também vem gerando controvérsias; assim, o objetivo deste artigo é discuti-la em um viés mais radical, enquanto abordagem urbana de ruptura do status quo, utilizando como caso o processo de autogestão de Can Batlló, em Barcelona. Can Batlló é uma antiga fábrica têxtil, desativada na década de 1960, a qual nos últimos dez anos tem sido apropriada pela comunidade local, que vem praticando um sistema de autogestão e de criação de comuns urbanos. O artigo parte da apresentação do processo de transformação da fábrica, seguindo para a discussão sobre a crítica atual do urbanismo tático e para a interpretação do caso sob o viés mais radical, o qual experimenta formas alternativas de organização social para a promoção de transformações gradativas em um espaço privado, de forma a convertê-lo em um comum urbano.